ADCE enviou uma delegação ao fórum Europeu da UNIAPAC. As dificuldades no Brasil eram grandes, mas representar o país neste fórum seria relevante para as pretensões da entidade. O adeceano Ernesto George Diederichsen, como delegado latino-americano, teve sua atuação no Fórum. O padre Paul-Eugène Charboneau, o economista João Paulo de Magalhães, os engenheiros Gilberto Pereira Barreto e Maria Teles de Almeida Santos completavam a comitiva brasileira.
O projeto apresentado pelo Brasil gerou uma série de debates. Era para a criação do Instituto de Desenvolvimento Industrial da América Latina, com o qual se pretendia que o apoio financeiro da iniciativa privada e a tecnologia da Europa pudessem contribuir para minimizar os problemas do baixo desenvolvimento industrial, da grave miséria e perigos sociais na América.
Neste fórum europeu, com certa dose de ousadia, os representantes da delegação da ADCE convocaram para a cidade de São Paulo a realização do Fórum Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico. Um evento internacional em território brasileiro, com a pretensão de ser equivalente ao que estava se realizando na Europa.
O fórum se iniciou dia 20 de novembro de 1963, no salão nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Largo de São Francisco) e reuniu acima de quatrocentos participantes, de dezenove países e nove organizações internacionais.
O ex-presidente brasileiro, Juscelino Kubitschek esteve presente. Dentre as mensagens recebidas, a mais marcante e surpreendente trouxe a palavra do presidente da República dos Estados Unidos, John F. Kennedy, que foi lida no plenário, de forma dramática, ao mesmo tempo em que foi comunicado e lamentado o seu assassinato, no dia 22 de novembro de 1963.
Compondo a mesa do fórum, Felipe Herrera, presidente do Banco Internacional de Desenvolvimento, Peter Werhahn, presidente da UNIAPAC Internacional, deputado Cunha Bueno, portador de mensagem especial da Câmara dos Deputados e Ernesto George Diederichsen, presidente da ADCE São Paulo.
O presidente do Banco Internacional de Desenvolvimento, Felipe Herrera, falou sobre a importância da mobilização efetiva da iniciativa privada para o desenvolvimento econômico da América Latina. Sobre esse mesmo, assunto falou também o ex-ministro da Fazenda e da Educação, Clemente Mariani. Juscelino Kubitschek se referiu ao fato que era oportuno que os dirigentes cristãos tivessem uma tomada de posição, no contexto do desenvolvimento da América latina.
A tragédia que vitimara o presidente americano John F. Kennedy provocou o cancelamento de alguns eventos sociais, e alterou a programação de encerramento do fórum. No lugar da seção solene que estava programada, foi realizada uma cerimônia simples, na manhã do dia 23 de novembro de 1961, presidida por Teodoro Quartim Barbosa, ladeado pelo embaixador da Holanda, barão Lewe Van Edward; Ernesto G. Diederichsen, Hernando Campos Menendez, vice-presidente UNIAPAC Internacional e Júlio Bezan, secretário do CLADE.
Dos trabalhos realizados emergiram algumas convergências que culminaram em quatro relatórios aprovados.
As conclusões foram que “o desenvolvimento nacional deve processar-se à custa do trabalho local e não com base em ajuda externa”. Alguns jornais salientaram que a impressão dominante no Fórum “foi a de que o capital estrangeiro deve completar-se ao nacional, principalmente na forma de associações de empresa”.
Conforme a “Folha de São Paulo” de 22 de novembro de 1963, a maioria dos participantes no evento entendeu que a resolução mais importante do Fórum foi a criação do CLADE – Conselho Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico, para manter diálogo entre o empresariado do continente e o CECAL – Comitê Europeu de Cooperação para a América Latina.
A “Carta de São Paulo”, documento oficial emitido pelo fórum e divulgado ao final do evento, ganhou amplo espaço na imprensa nacional e gerou forte repercussão na sociedade, sendo amplamente comentada e debatida nos meios empresariais e políticos.
Ainda durante o Fórum Latino-Americano de Desenvolvimento Econômico, em uma programação específica e apartada dos temas centrais do fórum, reuniram-se dirigentes cristãos dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul e Guanabara, com o firme propósito de criarem uma federação nacional das ADCEs, que poderia reunir em uma só entidade as regionais estaduais que estavam sendo implantadas em todo território nacional. A sede da entidade seria na cidade de São Paulo.